segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Autômato de carne.

Se alguém quiser trocar a sua tranquilidade pela minha inconstância, eu aceito já.
Há quem diga que sim, há quem diga que não, o fato é que a credulidade e a confiança alheia são sentimentos quase inacessíveis. Não vale a pena pedir, não vale a pena lutar por eles, nosso gênero está fadado à superficialidade e ao imediatismo. Não é o niilista falando, é uma comprovação, você que já errou bastante vai entender, você que é ladrão, você que é homicida, você que não tem vergonha ainda vai encontrá-la nos olhos daqueles que lhe são caros. Um conselho pra todos os que caem : procure cair sozinho e quando o fizer não chore, não lamente pois o pranto ecoa pelas paredes e se acaso ele ganhe a  janela e invada a rua, é bom lembrar que no deserto das gentes só vivem surdos.
Desistir? Não, buscar ombros conhecidos? Não. Ninguém calça o teu sapato, dizem que lamentam por você e que sentem muito. Não sentem nada.
E como poderiam? Eu mesmo sou um robô.
Disse que estava buscando a redenção e estou, pena que os ingressos para o curioso espetáculo do meu retorno ao mundo dos vivos já se esgotaram. Tive que comprar todos os números, sou eu e o que ecoa...

2 comentários:

Ana Braun disse...

Todos somos robôs, cada um a sua maneira.

Marco Aurélio disse...

É como quando você compra o ingresso de um show que sempre se anuncia, mas nunca se realiza. Lá pelas tantas a banda resolve tocar, mas ninguém foi lá pra ver. O negócio é fazer muito barulho, até que alguém que passa lá fora saiba que nesta noite haverá espetáculo, e que valerá por todos os furos do passado.