quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

minha herança

se o que tá escondido de repente explode
feito a chama de um clamor inconsequente
que se apaga em consiência líquida que escorre
pelo rosto numa lágrima pungente

faz dos sulcos o seu curso, descaminho
brota em olhos quando enxergam desengano
vão salgando pela dor e pelo espinho
os contornos do meu rosto miserano

faz da dor um bálsamo, um unguento
para os males de um espírito que erra
por doença, por descrença, por ter medo
de sentir todo o amor de alguém que espera...

então eu sigo, vou sozinho e sem temer
que na volta esse alguém tenha esquecido
de me amar, se um outro alguém lhe oferecer
um amor melhor que o meu, mais forte e rico

se o encanto ela encontrar em outros braços
que lhe cubram de carinhos, de afagos...
braços fortes que aliviem todo o fardo
todo o peso dos que vivem ao meu lado...

minha herança, meu amor, o meu legado
é o adeus que devo dar a quem amei
e o alívio pro seu peito tão cansado
das mágoas e do dano que causei.

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