domingo, 2 de janeiro de 2011

10 minutos do meu dia

Quem na cegueira tateou o barro frio
Pra aplacar a sede em  fonte deletéria
Que alimenta a água turva desse rio
Onde banham-se os seres na miséria.

Quem na dor viu sua sorte abandonada
E na calçada suas horas, se esgotando...
É quem teve para sempre a voz calada,
Pra alegrias, melodias e acalantos.

Alguns sentem quando enfim eu sentencio:
 Não morrem mais, já são cadáveres!
Outros riem-se, desdenham do que eu digo,
Afirmando que eles todos são meus pares.

Implacáveis, predizem meu destino.
E eu atônito fico...
Observando as sombras.

Um comentário:

maik disse...

Você escreve maravilhosamente bem. Uma escrita suave como a ponta de uma lâmina. Quem leu esse poema sente como um frio na barriga, como se as suas palavras fossem um lâmina dentro das víceras.
Um dia quero sentar com vc, Marco e os nossos amigos para pensarmos num movimento de poesia experimental. Talvez levando a escrita para o pessoal que verdadeiramente precisa dela. Tipo um projeto dentro do A.A.
Que você acha?
Sempre digo e morro afirmando: você é uma das raras pessoas que não merecem morrer de bobeira, sua inteligência transcende a morte estúpida!
Pense nisso. Desculpe dizer: é um crime terrível você esconder seus "talentos", enterrando-os na escuridão, e deixando um monte de gente que precisa das suas palavras, textos, pensamentos e apoio.
Já era pra estar morto, mas ainda não achei um bom pretesto. Esses que vc tem, assim como eu tenho, são insignificantes e pobres. Se formos morrer, que seja por um motivo glorioso, egoistamente glorioso. Não por um motivo torpe niilista de boca-de-zona. O mundo é uma merda? É! As pessoas são falsas? Sim. Viver em sociedade é uma merda? É! Todo mundo é hipócrita? Sim!
Chegamos nesse limite: metemos uma bala na cabeça ou produzimos a diferença nessa merda toda.
A vida é boa, mas nós complicamos as coisas. Comemos do fruto proibido, que é a árvore do conhecimento. Nesse dia foi decretado nossa morte.Conhecer não significa dor, por mais que isso aconteça com a gente. Vamos criar o nosso mundo. Se as pessoas estiverem feliz com o seu, que fique no seu.O resto, é apenas erudição universitária barata que escraviza os imbecis.